É mais um estado de espírito
Costuma-se definir Belle Époque como um período de pouco mais de trinta anos que, iniciando-se por volta de 1880, prolonga-se até a Guerra de 1914.
Mas essa não é, logicamente, uma delimitação matemática: na verdade, Belle Époque é um estado de espírito, que se manifesta em dado momento na vida de determinado país.
No Brasil, a Belle Époque situa-se entre 1889, data da proclamação da República, e 1922, ano da realização da Semana da Arte Moderna em São Paulo, sendo precedida por um curto prelúdio – a década de 1880 – e prorrogada por uma fase de progressivo esvaziamento, que perdurou até 1925.
A França sempre
presente
Seria impossível entender a Belle Époque brasileira fora de suas vinculações com a França. Na segunda metade do Século 19, cinco grandes exposições internacionais realizadas em Paris indicaram, aos pintores e escultores do mundo inteiro, a tendência estética mais em voga.
A primeira dessas exposições, a de 1855, foi o decisivo confronto entre os adeptos do neoclássico Dominique Ingres e do romântico Eugène Delacroix, com a vitória final destes últimos – e, portanto, do Romantismo.
Gustave Courbet, cujas obras tinham sido recusadas, ergueu, a pouca distância do recinto da mostra, seu próprio «Pavilhão do Realismo».
Doze anos depois, o recusado de 1855 tornava-se o herói do dia: a Exposição de 1867 representou a vitória de Courbet e do Realismo, além de mostrar à Europa os pre-rafaelitas ingleses.
Desta vez, o júri cortara Manet que, inconformado, também expôs em um pavilhão improvisado.
Artistas brasileiros premiados na França
A Exposição de 1878 marcou o início da consagração do Impressionismo. A de 1889, representou o triunfo dos simbolistas e, finalmente, a de 1900 assinalou a consagração do Art Nouveau.
Nas três exposições acima citadas estiveram presentes pintores do Brasil. Na de 1878, Augusto Rodrigues Duares. Na de 1889, Henrique Bernardelli, medalha de bronze, e Manuel Teixeira da Rocha, grande medalha de ouro. Na de 1900, Pedro Américo, Pedro Weingartner e Eliseu Visconti, este último contemplado com medalha de prata.
Essas medalhas, nem sempre correspondiam aos méritos do artista. Concebidas como gigantescos mostruários da indústria e do comércio franceses, visando a angariar novos mercados em países distantes, tais exposições costumavam conceder quase tantos prêmios quantos eram os expositores.
Participando dessas exposições, simplesmente visitando-as, ou folheando seus catálogos, artistas de outras terras entraram em contato com a última moda artística, que os mais talentosos logo adotaram.
Desse modo, decerto, foi que o Realismo, Impressionismo, Simbolismo, Pontilhismo e Art Nouveau – movimentos estéticos do período chamado Belle Époque atravessaram o Atlântico e chegaram às Américas e ao Brasil.
Fonte: Arte no Brasil – Abril Cultural.
Os excluídos da República
Para as oligarquias, o regime republicano significa acesso direto, sem intermediários, ao poder. A partir de então, elas passaram a usar o Estado para ganhar dinheiro, mudar a fisionomia das cidades e levar uma vida ”à européia”.
E o restante da população brasileira – trabalhadores rurais, operários da nascente indústria, funcionários do comércio e dos serviços urbanos, desempregados?Como eles participaram do novo regime?
Vimos que a grande maioria dessa população fora excluída de direito de voto. Isso, contudo, não significa que eles tenham participado da política durante a Primeira Republica. Manifestavam-se por meio de protestos, rebeliões, saques e greves.
Em suas lutas políticas, os grupos populares tiveram de enfrentar intensa repressão. A maior parte das suas reivindicações foi tratada pelas autoridades como “caso de polícia”. Apesar disso, as pressões populares continuaram. Muitas vezes,
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